Fonte: A16 - Correio Popular - Campinas, sexta-feira, 17 de agosto de 2012
Os alunos do Ensino Médio da Escola Comunitária de Campinas (ECC) realizam no dia 22 de setembro o evento TEDxECC, ligado ao TEC (Technology, Entertainment, Design)...veja mais detalhes abaixo.
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Ensino Médio - Luz, câmera, cinema!
Fonte: Correio Polular - Campinas, 14 de agosto de 2012
Não é de hoje que professores usam filmes para ilustrar suas
aulas, mas o que chama a atenção é quando uma escola decide montar um curso de
cinema para os alunos e eles se tornam os roteiristas e diretores de
curta metragens deficção ou de documentários.A professora Fabianna Whonrath Miranda,
desde 2003, tem mostrado aos estudantes que o cinema e a produção de vídeos
podem não só ser atividades que
facilitam a aprendizagem de outras disciplinas como também aliam entretenimento
e podem representar até a descoberta de uma profissão.
O projeto é desenvolvido na Escola Comunitária de Campinas
(ECC). A legislação diz que, no Ensino Médio, os colégios devem oferecer
formação na área de artes, mas dá liberdade à instituição para organizar a
disciplina, oferecendo, por exemplo, aulas de artes plásticas, música ou
teatro. A ECC decidiu dar aos alunos duas possibilidades: design e cinema. “Foi uma forma muito
interessante de integrar produção artística e conteúdo”, afirma Fabianna, que
também ministra aulas de português na escola. Embora ela tenha feito graduação
em letras e linguística na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foi na
relação entre cinema e educação que ela encontrou temas para o mestrado,
concluídoem 2008, e para o doutorado, em andamento,tudo na mesma universidade,
onde ela também já lecionou no curso de graduação em midialogia, por meio de um
projeto de bolsas para estagiários em docência no EnsinoSuperior.
O curso de cinema e produçãode vídeos na ECC tem duas horas
semanais, no primeiro ano do Ensino Médio. Inicialmente, Fabianna faz uma
abordagem teórica sobre o cinema como arte e as características de sua
produção, como roteiro, cenografia e iluminação. Para isso, ela produziu uma
apostila e cada capítulo é ilustrado com um clássico. Assim, para falar de
iluminação, ela usa Orson Welles, o cineasta que marcou a história com Cidadão
Kane, de 1941. A linguagem do cinema é explicada a partir dos filmes de Alfred
Hitchcock e, para falar de roteiro, Woody Allen ganha espaçonasaulas. “Os
alunos, de um modo geral, chegam à disciplina achando que o chamado cinema de
arte é chato e monótono, principalmente, porque nos referimos, muitas vezes, a
filmes mais antigos,diferente do que, em geral, eles estão acostumados a ver no
circuito comercial”, explica a professora.
O trabalho, então, é abordar toda a complexidade da produção
cinematográfica. “Mostro, por exemplo,
que, num filme bem produzido, o diretor está atento a cada detalhe das tomadas.
É isso que justifica uma cena mais longa,masque,se não for observada com
atenção,pode parecer sem graça”, diz. De acordo comFabianna ,com o passar das
aulas,os alunos começam a ficar mais críticos em relação ao que assistem e a perceber,
principalmente, os estilos de cada diretor e o que diferencia um filme feito
para ser arte, de outro, meramentecomercial. “O gosto está ligado ao
conhecimento”, defende a professora. Prática
Depois da teoria, as aulas práticas passam a envolver um projeto desenvolvido
em todas as disciplinas da escola, Ética
e Cidadania. Os alunos viajam a Brasília (DF) e estudam as diversas relações de
poder e o papel dos cidadãosna consolidação da democracia .Apartir disso, eles
produzem um curta-metragem no formato de documentário sobre o assunto. Para envolver outros tiposde produção, os
estudantes também ficam responsáveis por um filme de ficção. “Como também sou a
professora de português, posso dizer que há um desenvolvimento muito grande na
produção de texto, principalmente, na narração. Com os exercícios de roteiro, os ”,diz Outros resultados valorizados pela
educadora são a visão mais crítica em relação à produção de programas de
televisãoeo uso das produções em vídeo para apresentar trabalhos de outras
disciplinas.
Como parte do projeto interdisciplinar desenvolvido anualmente
na escola, as aulas de cinema também discutem ética, abordando questões relacionadas
ao uso da imagem e o plágio.
Para produzir os vídeos, os alunos utilizam câmeras de vários formatos,
de acordo com o que cada um tem. A
edição é feita em programas de computador disponíveis em pacotes básicos, como o
Microsoft Movie Maker. “Faço também a distinção entre vídeo e cinema, mostrando que, para produzir cinema, teríamos
de usar película, o que é muito caro”, conta.
No Brasil, além das companhias cinematográficas, só a Universidade de São Paulo(USP)e a Fundação
Armando Álvares Penteado (Faap), que têm
cursos superiores de cinema, conseguem produzir em película. Os vídeos produzidos
pelos alunos são exibidos num dia especialmente reservado para essa atividade,
com a presença das famílias e dos colegas de outras turmas.
Resultados - A estudante Fabiana Mendes Murgel, de 18 anos,
participou das aulas de Fabianna há quatro anos. “O curso é muito interessante,
porque a visão que eu, assim como a maioria dos meus colegas, tinha era muito
restrita. Hoje, quando vou ao cinema,
presto
atenção em detalhes que antes passavam despercebidos, como aposição
da câmera e o cenário”,diz. Para Mariana
Percário Piedade,de17anos,ocursoindicouaprofissão,já que ela acaba
de ser aprovada no vestibular de cinema da Faap:“Fazer a
disciplina na Comunitária contribuiu com outras matérias também. Passamos a utilizar
vídeos para fazer apresentações, além de
ver no cinema a possibilidade de entrar em contato com a história. Foi também essencial para desenvolver a nossa comunicação”.
Além da disciplina de cinema e produção de vídeos, a Escola Comunitária
realiza, há seis anos, um festival de curta-metragens
de até 60segundos,em que a participação dos
alunos é espontânea. Os estudantes podem inscrever suas produções, avaliadas por
Jurados da área de Educação e cinema. O concurso é inspirado no Festival do Minuto,
Idealizado pelo cineasta Marcelo Masagão, que Ocorre desde 1991 no Brasil E já estimulou
competições semelhantes em cerca de 50 países. Os alunos passam por todas as etapas e disponibilizamas
produções via YouTube, site de compartilhamento de vídeos na internet. Na noite
do festival, que neste ano ocorreu na semana passada, os curtas são exibidos e são
divulgados os vencedores em várias categorias, como melhor diretor, fotografia,
roteiro, trilha original, ator, atriz, edição e melhor filme. “É interessante, notar
o olhar diferenciado para as produções que os alunos desenvolvem após terem passado
pelo curso de cinema e produção de vídeos. Conseguimos perceber esse avanço pelos
ângulos das filmagens e pelos roteiros”,explica a professora Fabianna Whonrath Miranda.
Os filmes produzidos para o festival estão
disponíveis no site www.eccine.weebly.com.
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